“Que tempos são estes, em que temos que defender o óbvio?” Bertolt Brecht
As seções do SINASEFE Cáceres, Rondonópolis e Mato Grosso informam que tiveram acesso ao ofício N° 89/2021 da Secretária de Educação Profissional e Tecnológica do MEC - endereçado aos dirigentes da Rede Federal de Educação - com solicitação de informações de datas do retorno presencial até o dia 03 de setembro de 2021.
Informamos que até o presente momento, dia 09 de setembro de 2021, não temos nenhuma informação sobre o retorno dado pelo IFMT ao MEC, que o calendário da instituição está em Regime de Atividades Domiciliares até o dia 31/10 e que o mesmo será reavaliado no Conselho Superior - CONSUP. Enfatizamos que na última definição no CONSUP os critérios para o retorno presencial não foram apresentados de modo objetivo, além de não terem sido amplamente discutidos nos campi do IFMT.
De tal modo, reafirmamos que as decisões sobre retorno presencial devem ser tratadas com base em índices científicos e atendendo orientações de profissionais da saúde. Tais índices devem apresentar, dentre outros, a atualização epidemiológica da COVID 19, os indicadores de taxa de isolamento e taxa de contagio das novas variantes. Neste sentido, é válido ressaltar que o número de mortes não dever ser o único índice a ser analisado, conforme bem nos alerta a Organização Mundial da Saúde – OMS.
O movimento sindical tem, desde o inicio da pandemia, realizado discussões e compartilhado informações em defesa da vida e contra a negligência do Estado com a população Brasileira. Tragédia anunciada e evitável que totalizará nas próximas semanas o número de 600 mil brasileiros (as) mortos (as) pela Covid. No Mato Grosso criamos uma comissão de biossegurança vinculada ao movimento sindical, articulamos ações “em defesa da vacinação e do retorno presencial seguro”, participamos de audiência pública sobre o tema, lives em conjunto com estudantes, encontros de formação e de assembleias de TAEs e docentes do IFMT.
Paralelamente, temos mantido nossa defesa pela educação pública de qualidade, nos contrapondo às políticas de desmonte da educação pública e nos defendendo de ataques externos e internos. As políticas neoliberais apresentadas desconsideram que a oferta da educação de qualidade é um direito social. Assim, os programas Future-se, Novos Caminhos, a Reforma do Ensino Médio e as diretrizes para o ensino médio integrado são evidentes ataques à nossa instituição. Cortar carga horária e aligeirar cursos sob a justificativa de economia de custos deveria ser tratado como crime.
Outro fator educacional que coloca em risco a educação pública é a adesão de expedientes educacionais à distância como o “novo normal”, questão essa muito denunciada por pesquisadores e entidades científicas da área da educação desde o início da pandemia. Não se trata, evidentemente, de negar as tecnologias e a EAD como ferramentas importantes ao ensino, o que está em curso é a defesa perversa do “ensino híbrido”, sob a fachada patética de modernização da educação, para diminuir custos do ensino. Aproveitam para “passar a boiada” no momento em que a população brasileira encontra-se vulnerável.
Compreendemos que a classe trabalhadora vem sendo duramente atacada com a Emenda Constitucional 95 - que restringe investimentos em áreas fundamentais como educação e saúde - com as sucessivas perdas da Reforma Trabalhista e da Previdência e com a perversa proposta da Reforma Administrativa. A população brasileira passa por péssimas condições econômicas: inflação, aumento do preço dos alimentos, da energia, do gás, da gasolina, da fome e as pautas de enfrentamento à “carestia da vida”.
Infelizmente, a situação sanitária nacional poderá intensificar-se com a variante Delta nos próximos meses, devido à sua capacidade de virulência. Tal fator o MEC parece não analisar em profundidade ao, simplesmente, solicitar o lançamento de datas no formulário de retorno presencial enviado. Destaca-se, como exemplo de transparência e posicionamento público sobre o retorno ao MEC, o Colégio Pedro II que sinaliza que “Diante da impossibilidade de atendimento seguro e isonômico para todos os estudantes, o Colégio Pedro II entende que o retorno presencial somente poderá ocorrer, sem prejuízos às atividades pedagógicas e administrativas, a partir do dia 1º de março de 2022, a depender, é claro, das condições sanitárias.”
Sem mais, o movimento sindical somou e somará esforços com posturas de bom senso e responsabilidade, que tratam a vida humana como um direito fundamental inalienável. E não naturalizará as mortes de servidoras e servidores da instituição e muito menos a de estudantes, que são o motivo de nosso trabalho e de esperança em um futuro melhor.
Pela memória dos brasileiros vitimados pela Covid 19!
Pela memória das servidoras e servidores do IFMT, em exercício e aposentados, que faleceram durante a pandemia!
Em defesa da vacinação e do retorno presencial seguro!
Contra o desmonte da educação pública, redução de carga horária e implementação de políticas de redução de custos e da qualidade!