Os servidores do Instituto Federal Mato Grosso participaram na última segunda (03), no campus Cuiabá - Octayde Jorge da Silva de uma palestra que apresentou um panorama do “Future-se”, programa do Ministério da Educação que incentiva institutos e universidades federais a captarem suas próprias receitas, ou seja, estimula a criação de parcerias público-privadas em instituições federais de ensino superior.
O tema foi abordado sob diferentes olhares por três palestrantes: Lélica Lacerda, coordenadora de comunicação da Associação de Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat) e docente do Departamento de Serviço Social, Camila Marques, coordenadora geral do SINASEFE Nacional e professora de Sociologia e Eliana Siqueira, membro do Fórum Permanente em Saúde Pública e médica pediatra da Saúde da Família e Comunidade.
A professora Lélica, mostrou aos presentes como a Reforma da Previdência vai impactar a vida dos trabalhadores e como o modelo previdenciário baseado em trabalho precarizado inviabiliza a aposentadoria dos assalariados. “A exploração da mão-de-obra e desmonte das políticas públicas de Seguridade Social e Educação estão voltadas para beneficiar o Capital, isso piora as condições de vida e de trabalho”, disse.
Outro ponto abordado foi a militarização e privatização das instituições de ensino superior. A professora Camila Marques fez um estudo do programa proposto pelo Ministério da Educação (MEC) e apontou que o Future-se é, na verdade, o “Privatize-se”. Além de trazer a lógica da educação privada à educação pública, o futuro dos campus está nas mãos as corporações que irão decidir se investem capital naquela instituição de ensino ou não. “A educação e a pesquisa estarão voltados aos interesses dessas empresas, vamos trabalhar literalmente no campus Monsanto ou MRV, já que a proposta do MEC deixa claro que o nome das instituições poderá ser alterado. Também pode acontecer dos recursos públicos serem transferidos para milícias”, enfatizou.
O desastre das Organizações Sociais na Administração Pública foi exposto pela médica Eliana. A Saúde de Mato Grosso já experimentou o gosto amargo de ter 4 hospitais regionais administrados por uma OSS (Organização Social da Saúde). Em 2012, sob a gestão do Instituto Social Fibra, o Hospital Regional Antônio Fontes, em Cáceres, recebeu mais de R$ 37,5 milhões de reais do governo estadual e produziu apenas R$ 4,3 milhões em cirurgias e consultas, por exemplo.
“A diferença entre o quanto foi repassado pelo Estado e quanto a OSS gastou nunca foi explicada pela instituição. O Sindicato dos Médicos entrou com ação, tramitou em várias esferas e no fim, depois da Justiça ter declinado competência para o Ministério Público Estadual, o objeto da ação já havia sido extinto, uma vez que o Estado havia retomado a administração dos hospitais. As OSS’s pegaram os hospitais novos e totalmente equipados e devolveram sucateados”, explicou Eliana.
Diante da péssima experiência de Organizações Sociais administrando a Saúde, os servidores ficaram ainda mais preocupados com os rumos do Future-se na Educação. A palestra foi gravada na íntegra e em poucos dias será disponibilizada para visualização no canal do Youtube do SINASEFE/MT.