É em momentos de crise a oportunidade que os Governantes tem para realizar as grandes Reformas e privatizações, notadamente aquelas que, em momento de bonança, como no passado recente, não seriam possíveis por falta de motivos.
A crise possibilita o discurso que convence mais facilmente o povo a aceitar sacrifícios, como redução de salários, benefício, direitos e privatizações.
A extinção do Ministério da Previdência é o início da privatização da Previdência Pública no país. Por quê? Porque agora o controle dos gastos está nas mãos do Ministro da Fazenda que assumiu o Ministério com a tesoura nas mãos, ou seja, com foco em cortar gastos, direitos para retardar a concessão de aposentaria, por exemplo, e aumentar a receita. Essa meta agrada, como agradou, e sempre agradará, o mercado financeiro que visa gerar lucro aos investidores.
O lucro aos investidores com o fim do Ministério da Previdência irá acontecer porque os trabalhadores brasileiros que já estão descrentes com o futuro da Previdência Pública tendem a trocar a maior seguradora do País, que é administrada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, a qual não visa lucro, pelas Previdências Privadas geridas pelos banqueiros, que visam lucros para serem distribuídos aos acionistas.
A política do Ministro da Fazenda é desfavorável ao trabalhador brasileiro que tem na Previdência a realização de um sonho que é aposentar com rendimentos, senão equivalente ao que recebia quando estava na ativa, ao menos aquele que possa assegurar o seu sustento durante a velhice, quando suas forças de trabalho já terão sido consumidas.
É lastimável saber que os nossos representantes no Congresso Nacional – Deputados e Senadores, com raras exceções – calem-se diante dessa atitude primeira tomada pelo Presidente Michel Temer.
O Ministério da Cultura, não menos importante, mas nem de longe pode ser equiparado à importância do Ministério da Previdência, se considerado apenas o número de cidadãos que dependem daquele e dos cidadãos que dependem desse último Ministério, foi criado novamente.
É inimaginável a Previdência Pública, que precisa de independência orçamentária e administrativa, fique na dependência do Ministério da Fazenda, Ministério esse que há tempos já usa parte dos recursos da Previdência, através da conhecida DRU- Desvinculação da Receita da União, que é patrimônio do trabalhador e demais contribuintes do Regime Geral de Previdência Social. É o mesmo que admitir a possibilidade de extinção dos sindicatos de classe dos trabalhadores e/ou a transferência da gestão dos interesses dos trabalhadores para as mãos dos representantes das empresas.
Conclusão
A sociedade, notadamente a classe trabalhadora e os que estão próximos de preencher os requisitos para aposentar, devem questionar seus representantes no Congresso Nacional, cada qual no seu estado, para dizer aos seus candidatos que eles serão responsabilizados pelo fim do Ministério da Previdência e dos seus direitos, e que seus mandatos serão reavaliados nas próximas eleições, a começar pelas eleições municipais que estão próximas.
Calar-se agora poderá, e certamente trará, graves consequências a você trabalhador, e a seus dependentes, quando sua força de trabalho diminuir e impedir a sua permanência na ativa, ou quando o mercado de trabalho fechar as portas sob a alegação da sua idade ou da grande oferta de mão de obra mais jovem que aceita menores salários para ingressar no mercado.
Ainda é tempo de resgatar o Ministério, assim como foi resgatado o Ministério da Cultura, basta tomarmos uma atitude. Esse texto é uma atitude, a de informar para despertar os adormecidos.